Tuesday, April 11, 2023

Nilo de Freitas Bruzzi (Rio Pomba, Minas Gerais, 21 de novembro 1897 - Rio de Janeiro, RJ, 28 de fevereiro 1976) foi advogado, promotor público e procurador geral, catedrático de literatura brasileira e línguas latinas e, ainda estudante, exerceu o jornalismo, tendo sido cronista parlamentar em vários jornais. Como escritor, foi poeta, contista, ensaísta e autor teatral. Em 1949, publicou, primeiro na imprensa dominical e depois em livro, uma discutidíssima biografia de Casimiro de Abreu: esse estudo provocou ampla polêmica e foi objeto, inclusive, de debates na Assembléia Legislativa do Estado do Rio, originando um extenso parecer da Comissão de Educação daquele parlamento. O livro foi um sucesso de vendas e a sua segunda edição, feita sete anos depois, incorpora em apêndice alguns textos da polêmica, saídos nos jornais entre 1949 e 1951, e os textos parlamentares de 1949.


Biografia

Mineiro, um dos onze filhos do casal Agostinho Osorio Bruzzi e Neftelina de Freitas Bruzzi, Nilo de Freitas Bruzzi começou seus estudos em sua cidade natal partindo, em 1911, para o Rio de Janeiro, onde se formou em Direito, em 1919. Na década de 1930, foi promotor público nas cidades de Vitória, no Espírito Santo, e em Santos, em São Paulo. De volta ao Rio de Janeiro, trabalhou para Secretaria da Agricultura do Estado do Rio e foi procurador da Fazenda Pública do Estado do Rio.


Jornalista e advogado, trabalhou em jornais e exerceu cargos públicos mas sua grande paixão sempre foi a literatura, tendo concentrado sua atividade predileta nas pesquisas biográficas e poesias. Iniciou no jornalismo em 1915 e, ao longo das seguintes décadas, contribuiu com artigos na redação do A Notícia e Correio de Manhã, no Rio de Janeiro, e como editor-chefe do O Estado, em Niterói. 


Como escritor acumulou amigos e críticos. Publicou em 1920 seus dois primeiros livros, "Luar de Verona" de poesias e "O Antunes" de contos, usou a habilidade na expressão dos sentimentos para as poesias e da incansável dedicação a pesquisa para biografias que lhe renderiam notoriedade e controvérsias até o final da vida.


Nilo Bruzzi faleceu no Rio de Janeiro, em 28 de fevereiro 1976, em decorencia de uma embolia pulmonar deixando esposa, um filho, duas filhas, seis netos e duas netas.


Bibliografia

Luar de Verona - 1920, Poesia

O Antunes - 1920

Livro de Amor - Editora Typ. Besnard Frères, 1926, Poesia, 58 páginas

Dona Lua - Editora A Noite, 1938, Poesia, 147 páginas

As de Rosto Belo e as de Beleza na Alma

O Boêmio

Literatura Histórica

A Sabedoria da Vida de Mucio Leao

Casimiro de Abreu - Editora Aurora/RJ, 1949, Biografia, 298 páginas

Julio Salusse, O Ultimo Petrarca - Editora Aurora/RJ, 1950, Biografia, 87 páginas

O Cofre Partido - Editora Aurora/RJ, 1951, Contos, 158 paginas

Auto de Nossa Senhora da Vitória - Editora Serviço Nacional de Teatro, 1951, Peça em 2 Atos, 87 páginas

A Fonte da Beleza - Editora Aurora/RJ, 1951, X, 192 páginas

Poesias - Editora Aurora/RJ, 1952, Poesia, 220 páginas

O Homem de Maria Dusá

Flor Silvestre - Editora Aurora/RJ, 1953, Romance, 229 páginas

José do Patrocínio - Romancista - Editora Aurora/RJ, 1959, Biografia, 62 páginas

O Modernismo - Editora Aurora/RJ, 1960, X, 65 páginas

Isabel Diniz - Editora Aurora/RJ, 1960, Romance, 199 páginas

Contribuindo para a Reforma Agraria - Editora Aurora.RJ, 1962, X, 110 páginas


Poesia

O poema mais conhecido de Nilo Bruzzi "Única" foi publicado no livro "Dona Lua", de 1938, em forma de soneto.



Única


No turbilhão da vida cotidiana,

Há sempre um rosto oculto de mulher;

Há no tumulto da existência humana

Alguém que a gente quis e ainda quer.


E numa sede de paixão insana

Cego e humilhado, aceita outra qualquer,

Mas, sem íntimo ardor, de alma profana,

Porque a alma nem acordará sequer.


E vão passando, assim, uma por uma,

Mulheres e mulheres, como vieram,

Sem depois despertar saudade alguma...


Pobre de quem, como eu, vê que, infeliz,

Teve  todas aquelas que o quiseram,

Mas nunca teve aquela que ele quis!...

 

Academia Brasileira de Letras

Nilo Bruzzi concorreu por três vezes a uma vaga na Academia Brasileira de Letras sem nunca ter sido eleito.


1938 - para sucessão de Conde de Afonso Celso - 5 votos

1954 - para sucessão de Miguel Osorio de Almeida - 7 votos

1964 - para sucessão de Carlos Magalhaes de Azevedo - 15 votos


Polêmica

O livro de Nilo Bruzzi "Casimiro de Abreu" lançado em 1949 apresentava Casimiro de Abreu, o autor das "Primaveras", sob uma nova luz em declarado tom polêmico. A versão corrente sobre a vida do autor foi a de um jovem romântico, ansiado pela realização de um ideal literário que o pai cerceava, insistindo em reter o filho num balcão de armazém. Aprofundando suas pesquisas, recolhendo grande cópia de documentos, Nilo Bruzzi procurou destruir inteiramente aquilo que ele considerava a lenda do poeta. Surgiu um Casimiro de Abreu devasso, fazendo do pai joguete dos seus caprichos, indiferente a mãe, perdulário e com atributos nada apreciáveis.


Dada a polemica acerca da biografia escrita por ele, Nilo Bruzzi declarou certa vez: "Quem quiser gostar dela, que goste; quem não gostar, rasgue e jogue fora, ou, se tiver substância, crânio, massa cinzenta, que escreva outra diferente."


Nilo Bruzzi concorreu por très vezes a uma vaga na Academia Brasileira de Letras sem nunca ter sido eleito, em 1938, 1954 e 1964. Acreditava que as polemicas envolvendo sua biografia sobre Casimiro de Abreu e críticas feitas ao modernismo influenciavam na decisão dos votantes.


Em 1964, candidato a suceder a cadeira ocupada por seu amigo, Carlos Magalhaes de Azeredo, obteve 15 votos, maioria não absoluta dos 35 votantes. Não havendo consenso após quatro escrutínios, Nilo Bruzzi desistiu da candidatura endereçando carta ao acadêmico Austragésilo de Athayde, então presidente da ABL, explicando os motivos de sua desistência.


Concluiu Nilo Bruzzi: "Tomei, então, um terceiro caminho: nem insisto no bloqueio da eleição, nem modifico uma única vírgula dos meus livros, nem altero em nada o que disse dos chamados "modernistas". Retiro, apenas a minha candidatura. Continuo, portanto o mesmo escritor que venho sendo há meio século. E toda gente sabe disso. A Academia, por sua vez, continua sendo o que é, e todo mundo sabe, também, disso."


Acervo na Biblioteca Nacional - RJ


BRUZZI, Nilo de Freitas. A fonte de beleza. Rio de Janeiro, Ed. Aurora ltda. 1951: [s.n.]. 189 p.

Localização: I-293,7,14


BRUZZI, Nilo de Freitas, 1897 - 1976. A sabedoria da vida de Mucio Leão. Rio de Janeiro, [Of. Graf. do Jornal do Brasil] 1948: [s.n.]. 26 p.

Localização: I-207,3,21,n.5


BRUZZI, Nilo de Freitas. As de rosto bello e as de beleza na alma. [Cidade do Prata] Typ. "Cidade do Prata, 1924: [s.n.]. 18 p.

Localização: I-313,3,35,n.2


BRUZZI, Nilo de Freitas, 1897 - 1976. Auto de Nossa Senhora da Vitória (Vitória no século XVI) Peça em 2 atos. [Rio de Janeiro] Serviço nacional do teatro, 1951: [s.n.]. 88 p.

Localização: I-308,6,8


BRUZZI, Nilo de Freitas. Casimiro de Abreu. Rio de Janeiro, Ed. Aurora, 1949: [s.n.]. 206 p.

Localização: I-253,3,17


BRUZZI, Nilo de Freitas. Dona lua. Rio de Janeiro: A Noite, 1938. 155 p.

Localização: Obras Gerais - B-2,72


BRUZZI, Nilo de Freitas. Flor silvestre, romance. Rio de Janeiro, Graf. ed. Aurora, 1953: [s.n.]. 229 p.

Localização: II-354,4,33


BRUZZI, Nilo de Freitas. Isabel Diniz. Rio de Janeiro, Ed. Aurora, 1960: [s.n.]. 199 p.

Localização: II-167,4,29


BRUZZI, Nilo de Freitas, 1897 - 1976. José do Patrocínio, romancista. Rio de Janeiro, Grad. ed. Aurora, 1959: [s.n.]. 62 p.

Localização: II-21,8,3,27,n.2


BRUZZI, Nilo de Freitas. Julio Salusse, o ultimo Petrarca. [Rio de Janeiro: Imprensa Nacional], 1950. 85 p. ilus.

Localização: I-277,2,8


BRUZZI, Nilo de Freitas. Literatura historica. Victoria, " Vida capichaba", 1930: [s.n.]. 93 p.

Localização: I-392,5,17


BRUZZI, Nilo de Freitas. Livro de amor. Rio de Janeiro, Typ. Besnard frères, 1926: [s.n.]. 58 p.

Localização: I-313,3,35,n.3


BRUZZI, Nilo de Freitas. Luar de Verona. Rio, A rajada, 1920: [s.n.]. [43].

Localização: III-399,1,11-12


BRUZZI, Nilo de Freitas, 1897 - 1926. O Antunes (contos). 1920: [s.n.]. 74 p. ilus.

Localização: I-313,3,35,n.1


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